O deputado Samir “Rosalva” de
Souza retorna à câmara, com um discurso pronto, para exigir que seja votada uma
moção, a fim de elevar o status de Arabela, Beringela e o gato Frajola à
condição de terroristas de estado. Na plenária, os olhos dos deputados parecem
assustados com a figura bizarra de um homem com cabeça de mulher e uma marca de
costura no pescoço, obra do famoso cirurgião Dr. Odorico Josh Jonh.
O deputado levou a melhor
não só pelo fato de o voto não ser secreto, como também, pelo pavor dos
deputados da oposição diante da monstruosa figura de Samir de Souza. Assim que
a votação termina, o deputado passa por cima de toda a cadeia de lideranças e
dá ordens explícitas à vigésima cavalaria mecanizada e a trigésima
terceira divisão de infantaria para sitiar a comunidade do Crocodilo.
Na comunidade, a Brigada
Arabela, formada por quatro mil e quinhentas mulheres armadas, se prepara para
enfrentar a tropa anunciada nos jornais manipulados pelo deputado.
A população desesperada, corre aos supermercados e estoca comida. Porto City se prepara para viver o maior de todos os flagelos da humanidade, uma guerra civil.
Numa das escolas da
comunidade, a professora Natália Flag, com sua imensa habilidade para lidar com
comunicação digital, abre seu celular e aciona com um único toque o SMS de
alerta que se espalha rapidamente por todas as escolas do país. De forma
coordenada, centenas de milhares de professores conduzem milhões de crianças
para abrigos escondidos em lugares inusitados nos subterrâneos das vilas,
bairros, cidades e estados de Porto City.
Tudo é feito de forma
silenciosa e sorrateira, com um planejamento feito nos mínimos detalhes, em
casa, em seu apartamento, Arabela apanha Frajola no colo e enquanto lhe faz um
carinho, vê, pela TV internacional, as cenas de milhões de pessoas sendo
conduzidas pelas ruas do país. Em seguida ela muda de canal para saber o que a
imprensa nacional fala e vê apenas o rosto bizarro de Samir de Souza dando um
discurso: “Nosso país está sendo invadido por forças estranhas que querem
destruir nossas instituições e acabar com a família, em nome de vocês, amado e
querido povo, decidimos agir”.
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