Capítulo I
Numa tarde fria,
em Porto City, Arabela sai para passear com seu gato. Os dois caminham
silenciosamente pelas marquises desertas da cidade. Súbito, um barulho de
latinha sendo chutada. Arabela ignora o som e segue adiante, até ouvir o miado
de Frajola acompanhado de um arrepio nos pelos.
Do outro lado da
rua, dois garotos, com facas enferrujadas nas mãos anunciam o homicídio: “aí,
piranha, o chefe mandou a gente te jantar!”... Arabela, sem pestanejar, puxa de
dentro do casaco uma calibre 12 e grita, “piranha é puta que te pariu, toma”! E
manda dois tiros, um para cada um, derrubando-os no chão com as cabeças
destroçadas!
O telefone de
Arabela toca, ela atende e é a voz de Mostarda, o pior bandido de Porto City.
“O que você fez com meus meninos?” Ela pega frajola no colo, dá meia volta
enquanto fala ao telefone. “Estou aí indo te matar, pilantra”!
Frajola bebe seu
leite enquanto Arabela conversa no facebook. “Bah, como é que tu
ta, guri”? Nada de resposta, passa o tempo e vem a frase: “Topa uma conversa
pela câmera?”, “Acho que tua página tá com vírus, levei uma
cantada!”, a tela vai se enchendo de pontinhos e duas letrinhas “rs”. “Vem cá,
guri, tu ta querendo sacanagem? Não sou esse tipo de mulher, vê se te
acalma e dá um jeito nesses hormônios, bate uma punheta...”. Ela vai à geladeira, retira uns
congelados e coloca no micro ondas. Pega o livro de história da
faculdade à distância e começa a ler.
Frajola agora está
na caixinha de areia, faz suas necessidades, Arabela sente o cheiro e se
desconcentra, fecha o livro, pega sua luva de plástico, a pequena pá e a
vassourinha, remove os excrementos enquanto é acariciada pelo ronco do bichano,
“peraí, Frajola, to no meio de uma operação importante, afasta”, frajola não se
afasta, parece morder a mão dela e rapidamente se arrepia. Arabela capta a
mensagem, se joga no chão e rola até a cozinha enquanto a vidraça do pequeno
apartamento começa a se estilhaçar, os cacos se espalham pela cômoda,
derrubam o retrato da família e os vasos de planta, o lustre explode e se
espatifa sobre a televisão ligada. Com os pés, Arabela bate a porta do
corredor, sai pela área de serviço e reaparece novamente, mas desta vez com uma
beretta engatilhada.
“Aparece aí seu
corno, vou te encher de chumbo”, um homem grande vestido de Ninja surge do nada
vindo na direção dela com uma katana, os passos lentos como de um lobo
pronto para o bote, Arabela vê os olhos vermelhos de ódio e dali mesmo esvazia
o pente na cara do sujeito. Os miolos se espalham no chão.
Minutos depois, o telefone toca, Mostarda com sua gargalhada de velho, “Tu ta viva ainda, vagabunda”, “To, seu escroto, da próxima vez manda um profissional atrás de mim, porque esse não deu nem pra palitar o dente” o telefone faz um som seco e fica mudo ela ajeita o quadro torto na parede e caminha até a sala e passa uma vista d'olhos, está hiperativa, fareja tudo, observa todos os cantos da casa. O miado de Frajola parece pedir para que ela retome a tarefa de limpar sua caixinha.
Minutos depois, o telefone toca, Mostarda com sua gargalhada de velho, “Tu ta viva ainda, vagabunda”, “To, seu escroto, da próxima vez manda um profissional atrás de mim, porque esse não deu nem pra palitar o dente” o telefone faz um som seco e fica mudo ela ajeita o quadro torto na parede e caminha até a sala e passa uma vista d'olhos, está hiperativa, fareja tudo, observa todos os cantos da casa. O miado de Frajola parece pedir para que ela retome a tarefa de limpar sua caixinha.
Exausta, ela retira a comida descongelada no microondas e começa a comer com garfadas
pesadas, Frajola pula no seu colo e adormece. Ela relaxa. Agora parece
desacelerada, a razão vai tomando conta de sua cabeça, na TV, um anúncio de
sabonete rouba-lhe rapidamente a atenção, mulheres de meia idade, cabelos louros, pele suave, bonitas, espumas refrescantes pelo corpo. Ela olha para o chão da sala e vê o corpo do ninja.
“Preciso me livrar desse presunto”. Acaricia o pelo de Frajola que dorme
profundamente em seu colo de mãe!
A vontade de matar
Mostarda, vai crescendo em seu coração!
Capítulo II
No super mercado,
Arabela fica escandalizada com o preço do tomate, escolhe dois, pega um litro
de leite na câmara frigorífica e se dirige ao açougue “Um quilo de
alcatra, Berinjela”. Ele encara-a nos olhos: “Nossa, se não é a minha deusa”,
“Sai fora, não sou tua deusa sou de mim mesma!”, “Você sempre tem resposta pra
tudo né?”, "Tu vive dando em cima do mulherio, até casada, que eu vi.
Qualquer hora vai amanhecer com a boca cheia de formiga”, “Mas tu não é casada,
minha deusa, tu é desquitada, e aquele teu ex é um maricas, não te tratou como
mereces”, “vamos parar com essa conversa de cercalourenço e me passa logo
a carne... Escuta, porque é que te chamam de Berinjela?”, “Ah, isso é uma
longa história, quando quiser ouvir é só me convidar p’rum chimarrão”.
Arabela se dirige
ao caixa, “A senhora sabe que não pode andar com esse gato dentro do
supermercado, neh?”, “Ele é castrado e vermifugado”. Frajola olha para o caixa
e se arrepia, dobra o rabo e faz uma careta jogando-lhe o bafo na cara. O homem
continua encarando-a mas está em desvantagem, prensado entre o balcão e a
registradora. Arabela ajeita o ombro de leve e o coldre do 38 vem para
frente na posição de saque, Frajola pula na jugular do falso caixa que
perde a concentração, ela saca o revólver e esvazia o tambor na
cabeça dele. Três homens saltam por cima do balcão de cartões, puxam o pino das
metralhadoras uzi e despejam sobre ela várias rajadas, Frajola grita como se
antecipasse os tiros, ela se joga no chão, puxa a beretta do outro coldre e
acerta a cara de um a um. Do fundo do açougue a voz de Berinjela grita
num estrondo, “cuidado deusa, atrás de você”. Arabela rola pelo chão e acerta
um coice nos bagos do traiçoeiro. Uma faca viaja rápida até suas costas. Ele
cai morto sobre ela, de olhos abertos e babando. As mãos de Berinjela afastam o corpo morto e os dois se olham nos olhos. Ela recusa a ajuda para levantar, mas vai
direto ao assunto: “Escuta, passa lá em casa pra gente conversar sobre
esse teu apelido”, Berinjela mostra seus dentes brancos num sorriso de
felicidade, “To indo minha deusa, espere por Berinjela, prepare o
chimarrão”, “Pra você tem algo melhor, vou te servir um vinho”.
Na saída do supermercado,
um caminhão de gás passa por ela com uma estranha mensagem em forma de
musica... "temos gás mostarda, temos gás mostarda", ela olha para o
caminhão e vê uma caveira que lhe acena ao volante.
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