sexta-feira, 19 de maio de 2017

SONETOS

Decidi expressar alguns sentimentos em forma de soneto. Este gênero romântico de poema, tem um forte significado para a tradição da poesia e fico feliz em poder sentir esta forma de falar das coisas.


*
já fui um mímico e acreditem alegrei
os corações de tanta gente entristecida
segui sorrindo os caminhos desta vida
levando sonhos nas searas que plantei

mas como tudo neste mundo tem um fim
fui percebendo a tristeza nos olhares
e aqueles passos que eu dava em meus andares
viraram folhas ressecadas no jardim

hoje eu carrego no meu peito as lembranças
de tudo aquilo que vivi com alegria
e minha alma encontrou na poesia

a permissão pra recriar a esperança
porque a voz de um artista noite e dia
só cala mesmo, quando a morte o alcança.

(jiddu)

*

Aecio Neves, todos sabem é farinha
do mesmo saco que forjou Michel Temer
enquanto aquele traz a droga em carreirinha
este outro é o vampiro que se teme


estes loucos são ladrões de carteirinha
suas histórias só comprovam o flagrante
um tem terras, muita droga e diamantes 
já o outro quer mandar de mentirinha


todo mundo já conhece esses bandidos
mas de tanto se sentirem oprimidos
alimentaram um viveiro de serpentes


e agora com o calcanhar dolorido
perceberam o perigo novamente
de um gigante todavia adormecido.


(jiddu)

*
dançando a valsa deveras mais triste
sigo pisando o chão desta estrada sem fim
e um pouco do que se estende dentro de mim
é o futuro incerto que, contudo, resiste...

um lobo solitário afiando seus dentes
cravando suas presas moles e apodrecidas
uivando ensandecido nas noites mais frias
desafinando o coro organizado dos contentes

mas ainda resta o abraço e isso não é pouco
saber-se bailador das rodas enfurecidas
onde todos, com amor, se abraçam como loucos

vencendo as amarras e a maldade de uns poucos
que com flechas envenenadas, velozes, homicidas
espetam corações frágeis e suicidas.

(jiddu - 16.05.2017)

*

muitas vezes nos perdemos na essência
porque pensamos que amar não vale a pena
e as pessoas que convivem em nosso lado
não precisam de carinho e de cuidado

mas engana-se aquele que abandona
as fileiras construídas com paixão
desconstroem a essência verdadeira
dando asa à sua própria ambição

o golpismo no Brasil agora é moda
porque o exemplo recebemos lá de cima
quem não ama e fortalece sua tribo

vira vítima de sua propria sina
não adianta ter razão e não se unir
porque sozinho, não dá mais pra resistir.

(jiddu)

*

a minha vida hoje se completa
por tantas coisas que vivi até aqui
e no entanto o passado é uma fresta
por onde enxergo tudo o que senti

meu coração parece que estremece
com tudo isso que a vida já me deu
meus delírios e sonhos, entretanto
são aventuras que trago no meu ser

a liberdade e amizade que encontrei
de tanta gente carinhosa que amei
agora é parte da pessoa que hoje sou

e como um pássaro que agora já voou
estendo as asas de profunda gratidão
por ter na pele o afago desta mão.

(jiddu)

*

são tantas balas disparadas a esmo
jogando à terra sonhos e esperanças
aquela mãe chorando em desespero
encheu de dor, meu coração enfermo

a vida dura, cercada de violência
levando tudo aquilo que se sonha
é fogo e dor, cobertos de peçonha
num eterno ciclo de cruel carência

porque na vida temos uma causa
de fazer do mundo um lugar melhor
e sermos fortes e proteger aqueles

que confiaram no amor maior
de ter um dia, o futuro merecido
do que morrer à bala de um bandido.

(Jiddu)

*

o meu machismo saúda teu racismo
palavras duras que joguei no fogo
vivendo a vida, este cruel engodo
cheio de raiva, mentiras e achismos

circulo livre mas preso em minha sina
gritando aqui e ali com as meninas
levando o crédito por tudo o que não sou
mas sendo aquilo que a sociedade criou

este monstrinho que escreve este poema
é uma farsa que inventaram na caverna
não tem beleza nenhuma em sua vida

porque ele é filho do puto e não da puta
vagando neste mundo de tristeza
arrastando, assim, sua aspereza.

(jiddu)

*

fui pregado numa cruz que não escolhi
jogado às feras que alimentei de mel
acintoso juramento de maldade pura
virei desculpa daqueles que me fizeram réu...

sujaram as mãos de sangue de cruel carmim
arrastaram o meu corpo pela rua escura
arranharam minha alma com maldade insana
e me jogaram como lixo no limbo de mim

mas ressurgi das cinzas e atravessei o tempo
carregado de coragem e teimosia louca
abracei a força e carreguei minha sina

porque tudo é vão quando a mentira grassa
o descompasso dessa dura engrenagem
tornou-se a força que me deu coragem...


(jiddu)