Na comunidade, Berinjela é saudado por
moradores em polvorosa; bandeirolas pretas e cartazes com palavras de ordem
como “viva nosso herói”, “mate todos eles”, “somos todos Berinjelas”. A multidão se acotovela para ver o orgulho do
bairro. Gritos de “viva nosso guerrilheiro” ecoa por todo lado. Moças bonitas
ostentam cartazes maliciosos com contornos de bocas mandando beijos, e frases; “gostoso”,
“queremos você”, “nosso ídolo”, “tesão”. Adolescentes de boné, fazem passos de
hip hop, como se fosse uma coreografia guerreira, dão-se as mãos numa complexa
saudação, mostram força e poder. Dançam para Berinjela que os saúda com um
gesto de hip hop, no muro mais adiante, vários grafiteiros trabalham
coordenadamente uma enorme fotografia dele com uma boina estilo Ché Guevara.
Do meio da turba, uma voz de mãe grita
“filhaaaaa, minha filha querida, você está aí”, a meninazinha com a boneca barbie
salta do conversível e grita “mãe, mãe, te amo mãe”, as duas se encontram no
meio da multidão e se abraçam enquanto o carro se afasta, aos poucos, a menina
vai desaparecendo no meio da massa e acena para Arabela, ela corresponde e ouve
a voz infantil ressoar do meio da multidão, “eu te amo Arabela, eu te amo,
nunca vou te esquecer, você ainda vai ouvir falar de mim”. Arabela consegue ver
os olhos inchados da mãe em lágrimas, até que as duas desaparecem como se fosse
uma miragem.
Arabela, séria, empunha uma
submetralhadora UZI e olha atentamente por
entre as pessoas. Seu olhar farejador busca os agentes de Mostarda, que possam
estar infiltrados. Em seu ombro, Frajola permanece teso, orelhas em pé, bigodes
arrepiados. Volte e meia, o felino levanta o focinho no ar para sentir o cheiro
dos cupinchas do deputado Samir de Souza. Está tudo bem, ele pressente que não
há perigo, relaxa no ombro, encolhe o rabo, enrolando-o nas patas de trás
enquanto se equilibra e ronca próximo ao ouvido esquerdo de Arabela. Ela
também relaxa e começa a curtir a festa em homenagem ao seu amado, faz
uma sutil expressão de prazer, parece feliz ao ver que as meninas da comunidade
acenam pra ele expressando um desejo sexual coletivo.
A força masculina de Berinjela hipnotiza as mulheres e Arabela, excitada, enrijece o corpo, suas pernas engrossam, seus braços ficam tesos e com um gesto radical dá um soco no ar, e de sua garganta explode uma raiva que faz a submetralhadora cair a tiracolo, ela solta um grito, “Morte aos corruptos”. As meninas, entendem a mensagem, levantam fortemente os braços e Arabela fica surpresa ao perceber que todas elas portam metralhadoras. Os dedos nos gatilhos ao mesmo tempo produzem uma chuva cliques numa simulação de tiros pro ar enquanto gritam num coro que cobre toda a multidão, como um manthra. “SOMOS TODAS, A R A B E L A S”!
A força masculina de Berinjela hipnotiza as mulheres e Arabela, excitada, enrijece o corpo, suas pernas engrossam, seus braços ficam tesos e com um gesto radical dá um soco no ar, e de sua garganta explode uma raiva que faz a submetralhadora cair a tiracolo, ela solta um grito, “Morte aos corruptos”. As meninas, entendem a mensagem, levantam fortemente os braços e Arabela fica surpresa ao perceber que todas elas portam metralhadoras. Os dedos nos gatilhos ao mesmo tempo produzem uma chuva cliques numa simulação de tiros pro ar enquanto gritam num coro que cobre toda a multidão, como um manthra. “SOMOS TODAS, A R A B E L A S”!
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